segunda-feira, 25 de junho de 2007

Odeio!!!


Odeio, Odeio, Odeio.

Odiar hoje em dia é tão comum quanto andar, falar ou piscar. Nunca se propagou tanto à idéia de ódio e veja bem que não estou falando de nenhuma Guerra entre E.U.A e Iraque e sim de algo que acontece comumente no nosso dia-a-dia.

por: Rodrigo Moreira


É praticamente imensurável a quantidade de vezes que eu escuto: “Eu Odeio...” referindo-se a qualquer atitude, música, comida, comportamento, roupa ou ser humano que, naquele momento nem deve imaginar o quanto o maldizem.
Há algum tempo eu escutava alguns brandos protestos contra a banalização do verbo AMAR. Falava-se muito EU TE AMO por aí em vão, banalizando assim um verbo tão profundo que expressa o mais lindo dos sentimentos humanos.
Vejo que durou tão pouco tempo essa contenda a qual julgo que abaixo de nosso limiar de consciência travava-se uma homérica batalha entre o Bem e o Mal o Amor e o Ódio. Claro, mais uma vez com a vitória do Mal já que ultimamente virou-se o jogo.


Eu Odeio Emo!!!

Quantas vezes você já escutou isso? Nem sabe mais né? Bom, antes de me aprofundar no assunto vou abrir duas aspas aqui.
Uma dela é sobre o conceito de adolescência e vem lá da Grécia antiga onde Aristóteles diz que os adolescentes são: “Apaixonados, Irascíveis, capazes de serem arrebatados por seus impulsos, ...Se o jovem comete uma falta é sempre do lado do excesso do exagero, uma vez que eles levam todas as coisas longe demais” (Kiell, 1964, pp.18-19) e a outra nos diz algo sobre Identidade: “ Eu denominei a maior crise da adolescência como sendo a crise da identidade. Ela ocorre naquela fase da vida em que cada jovem deve estabelecer, para si mesmo, certas perspectivas centrais e certa direção, alguma unidade de trabalho além dos vestígios de sua infância e das esperanças da sua antecipada idade adulta. O jovem deve descobrir alguma semelhança significativa entre o que ele vê em si mesmo e entre o que sua consciência afiada lhe diz que os outros julgam e esperam que ele seja” (Erik Erikson, 1962, pp14).

No auge da minha adolescência o pagode era febre. Katinguelê, Karametade, Exaltasamba, Art Popular e etc. Tudo era Moda e com isso havia sempre os que “Odiavam Pagode”, ao ouvir uma batidinha de pandeiro já soltavam um sonoro: “Arggghhh eu Odeio Pagode”. E isso não aconteceu somente com pagode, mas também com Leonardo Dicaprio que após Titanic tornou-se ídolo teen e odiado e com os Backstreet Boys que eram a mais famosa “Boys Band” e odiados.

Veja que hoje o discurso é diferente, quando se pergunta para uma pessoa sobre pagode o máximo que recebemos é um tenro “Não Gosto”, “Não Curto” e não mais aquele “Odeeeeeiooo” com aqueles olhos carregados de Ira e Leo Dicaprio hoje é um renomado ator e os Backstreet Boys. Bom, sei lá onde estão eles.

E os Emos? Vamos lá! Como a maioria dessas ondas da indústria cultural surgiram os Emos que é uma abreviatura de “Emotional Core” uma vertente do Punk, Hardcore, oriundos nos E.U.A em meados dos anos 80. O emocore se firmou mais precisamente no ano de 2003 aqui na cidade de São Paulo e no público adolescente, já que até hoje não encontrei um emo de 40 anos pai de família. Emos são a Bola da vez, os Odiados, mas porque isso?
Simplesmente porque por trás de toda Moda surge uma “Moda de Odiar a Moda”. Uma grande parte da população se acha culturalmente evoluída e extremamente individual, nunca sendo influenciada em sua vida por nada nem ninguém. Sao seres humanos desde o seu concebimento individuais e que nunca sucumbiram e nenhum tipo de moda mesmo que ela tenha sido figurinhas dos Cavaleiros do Zodíaco ou os Backstreet Boys. Ou seja, pessoas que a meu ver que nasceram com 20 anos.

Daí meus caros o que nos resta é escutar em todo lugar um monte de gente que diz que odeia Emos. Ninguém aqui assistia a febre cavaleiros do Zodíaco? Escutava Backstreet Boys e tinha pôsteres do Leonardo Dicaprio? (esse é para as meninas) ou foi Grunge na época que Nirvana era febre ou sei lá um Clubber, qualquer coisa.

Viu? Passamos por tantas modas e por tantas outras “modas de odiar modas” que se você nunca aderiu a nenhum tipo delas você é um odiador de carteirinha e é bom começar a se preocupar já que julgo que tanto ódio assim não é bom para nenhum ser humano. Portanto, na próxima vez que você disser que odeia um Emo tenha uma boa justificativa pra isso senão diga apenas “Eu Não Gosto”. Fica mais bonito.

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